POESIA GOIANA
Coordenação: SALOMÃO SOUSA
Foto: http://sociedadedospoetasamigos.blogspot.com
IRON JUNQUEIRA
(Bandeirantes, Goiás, Brasil)
Nasceu em Brazabrantes, então distrito de Anápolis, aos 22 de dezembro de 1938.
Trabalha no jornal Tribuna de Anápolis.
Escreveu livros e artigos com o pseudônimo de Emiliano Zarra.
Fundou o Lar da Criança Humberto de Campos, em Anápolis.
É membro, dentre outras, da AGI, Arcádia Goiana de Cultura, UBE-GO. Publicou cerca de 40 livros. Por 30 anos atuou na radiofonia.
Escreve para jornais de Anápolis - GO, onde reside.
BRITO, Elizabeth Caldeira, org. Sublimes linguagens. Goiânia, GO: Kelps, 2015. 244 p. 21,5x32 cm. Capa e sobrecapa. Projeto gráfico e capa: Victor Marques. ISBN 978-85-400-1248-6 BRITO, Elizabeth Caldeira, org. Sublimes linguagens. Goiânia, GO: Kelps, 2015. 244 p. 21,5x32 cm. Capa e sobrecapa. Projeto gráfico e capa: Victor Marques. ISBN 978-85-400-1248-6
Ex. bibl. Antonio Miranda
EU SOU QUEM PROCURASTE...
Eu sou...
O sonho que morreu sem ser sonhado
O amor que tanto tempo esperaste
A jura que não vi, mas que juraste
O beijo prometido e não foi dado
Eu sou...
O espinho que feriu fora da haste
O cravo que brotou sem ser curvado
O peito que bateu sem ser amado
O amor que já morreu e não o amaste
Eu sou...
A voz que te falou e não ouviste
O conviva à tua mesa que não viste
As bebidas que juntos não libaram...
Eu sou...
O amor que toda vida procuraste
Mas que não te viu quando o encontraste
E nem se viram quando se cruzaram.
CELESTE POESIA
Quem me canta esses contos à intuição?
Não estou mais disposto a escrever...
Depois, com esses versos, que há de ser,
Quem entenderá toda essa emoção?
Poesia não é fato para se ler
É desafio à grande perfeição
Lendo haverá os que não a entenderão:
Poesia é verdade para se crer.
A poesia vem de outra dimensão
Tecer fibras de luz ao coração
Amor gerando mais Sabedoria...
Poesia é coral de som celeste
Que nos sensibiliza e nos reveste
De uma felicidade que inebria!
BOA NOITE MANHÃ
Meus bocejos de sono só chegaram
Com o clarão do dia entrando no quarto
Quando o celular solta o toque farto
Anunciando que os raios clarearam!
Meu corpo está tão bem e me suporto
De energias que tanto me ativaram...
Os raios no meu quarto sé que mostraram
Que ao sono nos meus olhos me reporto
Não leve de mim, sono, meus bocejos,
Eles inspiram todos meus ensejos,
De sonhar sonhos bons que fazem rir
Meus bocejos de sono já chegaram
E meus olhos agora se cerraram...
Boa noite manhã... Eu vou dormir.
O HOMEM APÓS O PÓ
Eu sou aquele, mãe, menino triste,
Que, estúpido demais, se preocupava,
Com o ladrão ingrato que a roubava
E que a pedir-lhe pão ainda insiste...
Mãe... Sou o adolescente que escutava
A sonata tão triste que não ouviste,
Cuja melancolia ainda persiste
Mas, que nem meu pai, nela, acreditava.
Mãe... Eu sou aquele homem forte e rudo
Que era ingênuo e agora já vê tudo
Tendo no peito ódio em vez de dó...
Mãe... Sou aquela sombra do Rion
Que ainda vendo o mal enxergo o bom
Que bom será o homem após o pó...
SONETO DO SONO
Ainda não é agora para mim
O que devia ter sido está chegando
Pois o que ia passar, está passando,
O que nos chegou. Já chegou ao fim...
Vejo aqueles que estão atravessando,
Estão como eu mais ou menos assim,
Sei que para todos eles, não é ruim
Melhor será aos que estão só esperando.
No correr destes versos vou dormindo
Cheguei ao fim feliz, estou sorrindo,
Mas se todo erro a mim Deus perdoar.
E que me perdoe logo! Vai chegando
Pois fecho os olhos e já estou sonhando...
Não sei se vou morrer ou irei sonhar.
MENTIR E CHORAR
Dos seus olho, no negror
Profundo que neles há
— Rutila o pranto que irá
Molhar sua face no palor!
Seque a lágrima que está
Trazendo à tona sua dor,
Se era oculto seu amor,
Hoje é flor de manacá!
Enxugue seus olhos — sinta!
Mostre que não me ama — minta,
Que isto irá sempre bardar!
Não se entusiasme querida,
Nem fique tão comovida
Ou, ao mentir, — vai chorar...
A INCRÍVEL LEVEZA DO SER
À noite o galo canta tristemente
Ele quebra o silêncio da quietude
E os agudos da angola igualmente
Trazem a inquietação da solitude.
Acho triste demais a mansuetude
Mas nem o canto d´aves faz a gente
Assumir jubilosa atitude
Numa noite assim... Tão horrenda e rude.
O silêncio da noite me revela
Uma agitação intensa e inaudível
Coberta por mistério em noite bela.
Não existe vazio no espaço imenso
Tudo é energia, mesmo indescritível,
E fica registrado até o que penso.
*
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Página publicada em junho de 2021
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